A Organização Mundial da Saúde aponta o câncer como a segunda principal causa de morte, sendo responsável por cerca de 9,6 milhões de mortes no mundo em 2018, com aproximadamente 70% delas ocorrendo em países de baixa e média renda. No Brasil, estimativas do Instituto Nacional do Câncer para todos os tipos de câncer, no ano de 2019, foi de 634.880 casos novos. Apenas para o câncer de boca, as mesmas estimativas apontavam cerca de 14.700 casos novos da doença. O diagnóstico precoce e monitoramento deste agravo é uma preocupação dos governos em todas as esferas federativas. Por sua importância no controle da doença e na mortalidade, torna-se um grande desafio implementar medidas que possam ser efetivadas no Sistema Único de Saúde. Dada a magnitude do problema, a complexidade do agravo, toda a tecnologia necessária envolvida para o seu enfrentamento, os benefícios do diagnóstico precoce para o prognóstico e o impacto negativo do diagnóstico tardio na saúde do portador, na sociedade e no orçamento da saúde, entre outros, justifica-se a identificação de informações que facilitem o rastreamento do potencial portador de câncer de boca, desde o primeiro contato com o sistema de saúde até o seu desfecho. Objetivo: Identificar o tempo decorrido e o caminho percorrido pelos usuários portadores de câncer de boca, com diagnóstico confirmado no Centro de Especialidades Odontológicas Cidade Tiradentes, zona leste do município de São Paulo, na rede de atendimento do Sistema Único de Saúde, desde a suspeita até o diagnóstico final e tratamento, no período de 2007 a 2018. Método: Realizado a partir de dados primários obtidos através de entrevistas com os participantes ou familiares e dados secundários obtidos dos prontuários nos serviços de saúde de referência da Atenção primária, secundária e terciária, na zona leste do município de São Paulo. Resultados: Foram coletadas informações de 50 participantes. No mesmo local e período foram diagnosticados 70 casos, sendo excluídos os que não tinham informações essenciais ou autorização através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O tempo decorrido foi de 155,2 dias, em média, desde a suspeita na Atenção primária ao início de tratamento na Atenção terciária, sendo o tempo médio de 49,95 dias entre a suspeita e o diagnóstico final. O caminho percorrido pelos usuários teve como início de percurso as suas unidades básicas de saúde de origem, todas localizadas em território da região leste do município de São Paulo, que foram as responsáveis por levantaram as suspeitas (Atenção primária). Em seguida, foram encaminhados para o Centro de Especialidades Odontológicas Cidade Tiradentes, responsável pela biópsia e confirmação de neoplasia através de exame laboratorial (Atenção secundária). Após a confirmação, 70% dos casos tiveram como final de percurso o Centro de Alta Complexidade em Oncologia - Hospital Santa Marcelina de Itaquera, responsável pelo tratamento, também localizado na região leste do município de São Paulo (Atenção terciária). Conclusões: Os dados permitem concluir, tomando como parâmetro a lei federal que estabelece até 60 dias para início do tratamento ou cuidados paliativos a partir do diagnóstico, que o sistema de saúde da região não está dando respostas aos casos de portadores de câncer de boca em tempo adequado. The World Health Organization points to cancer as the second leading cause of death, accounting for about 9.6 million deaths worldwide in 2018, with approximately 70% of them occurring in low and middle income countries. In Brazil, estimates by the National Cancer Institute for all types of cancer in 2019 were 634,880 new cases. For mouth cancer alone, the same estimates pointed to about 14,700 new cases of the disease. The early diagnosis and monitoring of this condition is a concern of the national government in all federative spheres. Due to its importance in controlling the disease and mortality, it becomes a great challenge to implement measures that can make it effective in the brazilians Unified Health System. By the magnitude of the problem, the complexity of the disease, all the necessary technology involved to cope with it, the benefits of early diagnosis for the prognosis and the negative impact of late diagnosis on the health of the patient, society and the health budget, among others, justifies identifying information that facilitates the screening of the potential oral câncer carrier, from the first contact with the health system to its conclusion. Objective: To identify the time elapsed and the path taken by users with oral cancer, with a confirmed diagnosis at the Dental Specialties Center Cidade Tiradentes, east side of the city of São Paulo, in the service network of the brazilians Unified Health System, since the suspicious until the final diagnosis and treatment, in the period from 2007 to 2018. Method: Based on primary data obtained through interviews with participants or family members and secondary data obtained from medical records in the reference health services of primary, secondary and tertiary care at the same region. Results: Information was collected from 50 participants. In the same place and period, 70 cases were diagnosed, excluding those without essential information or authorization through the Informed Consent Form. The elapsed time was 155.2 days, on average, from suspicion in primary care to the beginning of treatment in tertiary care, with an average time of 49.95 days between suspicion and the final diagnosis. The path taken by users started with their basic health units of origin, all located in the eastern region of the city of São Paulo, which were responsible for raising suspicions (Primary Care). Then, they were referred to the Dental Specialties Center Cidade Tiradentes, responsible for biopsy and confirmation of neoplasia through laboratory examination (Secondary care). After confirmation, 70% of the cases were attnded in the High Complexity Oncology Center - Hospital Santa Marcelina de Itaquera, responsible for the treatment, also located in the eastern region of the city of São Paulo (Tertiary care). Conclusion: The data allow us to conclude, taking as a parameter the federal law that establishes up to 60 days to start treatment or palliative care after diagnosis, that the health system in the region is not responding to cases of patients with oral cancer in adequate time.