INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca (IC) constitui hoje um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, com números crescentes em qualquer análise epidemiológica. Além de representar grande demanda aos serviços de saúde, é responsável por prejuízo na qualidade de vida das pessoas. Alterações do sono têm sido descritas como freqüentes e comuns entre os pacientes com IC, e também é um dos sintomas de mais incômodo para esta população. OBJETIVO: Descrever o padrão de sono em pacientes com IC e analisar associações do padrão de sono com as seguintes variáveis: sexo, idade, fadiga, fadiga ao esforço, atividade física, classe funcional, terapia medicamentosa, dispnéia e índice de massa corporal. MÉTODO: Estudo transversal descritivo, com uma amostra não probabilística de 400 pacientes ambulatoriais (idade média 57,8 anos, DP=11,6; 64,8% eram homens; escolaridade média de 6,1 anos, DP=3,9; 82,5% em classe funcional II ou III) em tratamento de insuficiência cardíaca em um hospital de ensino. Os dados foram coletados por meio de entrevista em que os participantes responderam a um conjunto de instrumentos contendo: dados de demográficos e da insuficiência cardíaca; e avaliação do padrão de sono (Pittsburg Sleep Quality Index PSQI); de fadiga (Dutch Fatigue Scale DUFS), fadiga ao esforço (Dutch Exertion Fatigue Scale), atividade física (International Physical Activity Questionnaire) e dados sobre dispnéia, tabagismo e terapia medicamentosa. Os instrumentos mostraram boa consistência interna na amostra deste estudo (no PSQI = 0,73; na DUFS = 0,90 e na DEFS = 0,92). Testes não paramétricos foram aplicados para analisar a associação do padrão de sono com variáveis selecionadas e um modelo de regressão logística foi ajustado para investigar os preditores de maus dormidores. RESULTADOS: O escore total médio no PSQI foi 8,70 (DP = 4,39); a prevalência de maus dormidores (PSQI > 5) foi de 68,5%; e 46,5% classificou o sono como ruim ou muito ruim. Escores mais elevados no PSQI ou categoria de mau dormidor foram associados com: sexo feminino (p=0,009); não empregados (p=0,013), fadiga (p=0,000), fadiga ao esforço (p=0,000), dispnéia (p=0,000) e classes funcionais mais elevadas da IC (p=0,000). Dispnéia (OR = 3,23; IC95%1,72 6,07) e fadiga (OR = 3,45; IC95%1,82 6,49) associaram-se independentemente à categoria de mau dormidor. CONCLUSÕES: A proporção de maus dormidores entre os pacientes com IC está entre as mais altas nas doenças crônicas. Dispnéia e fadiga, sintomas comuns nessa enfermidade, aumentam significativamente a chance de ser mau dormidor. Portanto, o padrão do sono dos pacientes com IC deve ser rotineiramente avaliado. INTRODUCTION: Heart failure (HF) is one of the largest public health problems worldwide, with increasing numbers in any epidemiological analysis. Besides representing a large demand for health services, it is responsible for poor quality of life. Sleep disorders have been described as frequent and common among patients with HF, as well as one of the most troublesome symptoms for this population. OBJECTIVE: To describe sleep patterns in patients with HF and examine associations of sleep pattern with the following variables: gender, age, fatigue, fatigue on exertion, physical activity, functional class, drug therapy, dyspnea, body mass index, and smoking habits. METHODS: A cross sectional study, with a non-probability sample of 400 outpatients (mean age 57.8 years (SD = 11.6), 64.8% men, mean schooling = 6.1 years (SD = 3.9); 82.5% in functional class II or III) under treatment of HF in an academic hospital. Data were collected by interviews in which participants answered a set of tools including: demographic and heart failure data; and assessment of the sleep pattern (PSQI Pittsburgh Sleep Quality Index), fatigue ( Dutch Fatigue Scale - DUFS), fatigue on exertion (Dutch Exertion Fatigue Scale), physical activity (International Physical Activity Questionnaire), and data on dyspnea, smoking habits and drug treatment. Reliability coefficients of the tools in this study were adequate ( PSQI = 0.73; DUFS = 0.90; DEFS = 0.92). Nonparametric tests were applied to analyze the association of sleep patterns with selected variables, and a logistic regression model was adjusted to investigate predictors of poor sleepers. RESULTS: The mean PSQI total score was 8.70 (SD 4.39), the prevalence of poor sleepers (PSQI> 5) was 68.5% and 46.5% rated sleep as poor or very poor. Higher PSQI scores or poor sleeper category was associated with: female gender (p = 0.009), unemployement (p = 0.013), fatigue (p = 0.000), fatigue on exertion (p = 0.000), dyspnea (p = 0.000) and higher HF functional class (p = 0.000). Dyspnea (OR=3.23; CI 95% 1.72 to 6.07) and fatigue (OR= 3.45; CI 95% 1.82 to 6.49) were independently associated with the poor sleeper category. CONCLUSIONS: The proportion of poor sleepers among patients with HF is among the highest rates in chronic diseases. Dyspnea and fatigue, commom symptoms in this illness, increase significantly the likelihood of being a poor sleeper. Therefore, the sleep pattern of HF patients has to be routinely assessed.