Resumo: Introduçã e objetivo: A fibrilhação auricular (FA) é um dos mais importantes problemas de saúde pública em Portugal, representa simultaneamente um importante fator e marcador de risco cardiovascular. Avaliar, numa população representativa com 65 ou mais anos, a prevalência, epidemiologia e caracterização clínica e terapêutica da FA. Métodos: Foram avaliados 7500 indivíduos de 65 anos ou mais, recrutados em todas as regiões administrativas e representativos da população idosa residente em Portugal continental. A todos eles foi feito um ECG e, na ausência de FA, um subgrupo fez ainda Holter de 24 h ou implantou um registador de eventos durante sete dias. Em toda essa população foram avaliados dados epidemiológicos, clínicos e farmacológicos. Resultados: A população estudada (41,9% do sexo masculino e 58,1% feminino), com média de 68,9 anos, apresentou uma prevalência global de FA de 9,0%. Desses 35,9% desconheciam ter FA e 18,6% apresentavam FA paroxística. Nessa população, a prevalência de HTA foi de 85,3%, de dislipidemia foi de 75,4% e de diabetes de 22,7%. O valor mediano do score de Chads‐vasc foi de 3,5 +/‐1,2. Em termos de abordagem terapêutica, 56,3% dos doentes não estavam anticoagulados (29,8% dos doentes estavam antiagregados) e, de entre os medicados com antivitamínicos K, o valor médio de TTR foi de 41,7%. Conclusões: Este estudo mostra a muito elevada prevalência de FA na população idosa portuguesa, bem como uma taxa subótima de diagnóstico, anticoagulação e controlo efetivo dos fatores de risco cardiovasculares. Abstract: Introduction and Aim: Atrial fibrillation (AF) is a common arrhythmia and an important risk factor for ischemic stroke. The current ESC guidelines state that all patients aged 65 and over should be regularly screened for AF. The SAFIRA study aimed to determine the prevalence, epidemiology and clinical and therapeutic characterization of AF in the Portuguese elderly population. Methods: The study population (7500 subjects) were recruited from all Portuguese administrative regions. Demographic, clinical and drug treatment data were collected, risk scores were calculated, and an electrocardiogram (ECG) was performed in all subjects. In those not found to have AF on the resting ECG, a randomized subset (400 subjects) underwent 24‐hour Holter monitoring and 200 subjects were fitted with an event recorder for two weeks, in order to identify patients with paroxysmal AF. The primary endpoint was AF prevalence; secondary endpoints (in the AF population) included prevalence of paroxysmal AF, mean and median CHA2DS2‐VASc and HAS‐BLED scores, rates of anticoagulant and antiplatelet therapy, previous stroke, previous stroke/transient ischemic attack, previous bleeding, and time in therapeutic range (if on vitamin K antagonists). Results: The prevalence of AF was 9.0%. Of these, 35.9% were unaware of the diagnosis and 18.6% had paroxysmal AF. Median CHA2DS2‐VASc score was 3.5±1.2 and 56.3% of patients were not anticoagulated. In the AF subpopulation, the stroke rate was 11.2%. Overall, only 25.8% of the anticoagulated patients were considered to be adequately treated. Conclusions: This study shows the high prevalence of AF in the elderly population, as well as suboptimal rates of diagnosis, anticoagulation and effective control of cardiovascular risk factors. Palavras‐chave: Epidemiologia, Fibrilhação auricular, Idosos, Keywords: Epidemiology, Atrial fibrillation, Elderly