Sara de Jesus Oliveira, Camargo, Irineu Jose Barsanti de, 1942, Blotta, Maria Heloisa de Souza Lima, 1953, Santos, Leonilda Maria Barbosa dos, Ferro, Maria Cecília, Branchini, Maria Luiza Moretti, Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-Graduação em Ciências Médicas, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Orientador: Maria Heloísa Souza Lima Blotta Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas Resumo: A paracoccidioidomicose, causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis, é a micose sistêmica de maior prevalência na América Latina, acometendo hoje mais de 10 milhões de pessoas e apresentando as maiores taxas de mortalidade nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. A infecção se dá pela via respiratória sendo que a grande maioria de indivíduos que entram em contato com o fungo, não desenvolve a doença. Esta condição chamada PCM-infecção ocorre em indivíduos que moram em áreas endêmicas e apresentam teste cutâneo de HTT positivo aos antígenos do fungo. A progressão de infecção para doença origina duas formas clínicas principais: a forma aguda ou juvenil (FJ), de maior gravidade e a forma adulta ou crônica (FA), mais localizada e menos agressiva. Com o objetivo de estudar a epidemiologia e o perfil imunológico da PCM humana na cidade de Campinas, analisamos as características gerais (sexo, idade profissão) de pacientes atendidos no HC da UNICAMP e a incidência da doença na região, juntamente com seus fatores de risco e suas formas clínicas. Avaliamos também a resposta imune celular (proliferação de linfócitos a antígenos do fungo e produção de citocinas do tipo Th1 e Th2), em pacientes com as formas adulta e juvenil da doença, indivíduos portadores da infecção e controles saudáveis (teste cutâneo de HTT negativo). Nossos resultados mostraram que a PCM é endêmica em Campinas e região, acometendo em sua maioria, indivíduos adultos do sexo masculino, trabalhadores rurais e da construção civil. No entanto, encontramos elevado número de pacientes do sexo feminino e crianças com a forma juvenil da doença, mais grave e disseminada. Esses pacientes apresentam resposta imune celular suprimida, caracterizada por teste cutâneo negativo e proliferação de linfócitos reduzida a antígenos do fungo, enquanto produzem citocinas do tipo Th2, com aumento de IL-4 e IL-5, juntamente com baixos níveis de IFN-?, TNF-? e IL-12. Apresentam também, no período inicial da infecção, número elevado de eosinófilos no sangue periférico e em biópsias de linfonodos. Ao contrário, indivíduos portadores da PCM-infecção apresentam proliferação de linfócitos bastante acentuada a antígenos do fungo, teste cutâneo positivo, ausência de anticorpos e padrão de resposta Th1 com produção de IFN-?, IL-2, TNF-? e IL-12, e níveis basais de IL-4, IL-5 e IL-10. Já os pacientes com a forma adulta apresentam resposta imune celular preservada, com teste cutâneo que variam de acordo com a forma unifocal ou multifocal da doença. De modo geral, produzem menores níveis de IL-4 e IL-5 e níveis aumentados de TNF-? e IL-12. Esses resultados nos permitiram situar a forma adulta da paracoccidioidomicose como intermediária entre o padrão Th2 de resposta imune apresentado pela forma juvenil e o padrão Th1 desenvolvido pelos indivíduos portadores da PCM-infecção Abstract: We studied the clinical-seroepidemiological characteristics of patients with paracoccidioidomycosis (PCM) attended at the University Hospital at UNICAMP (Campinas, São Paulo, Brazil). The study group consisted of 584 individuals (492 M, 92 F) with ages ranging from 5 to 87 years. The highest incidence of the disease occurred between the ages of 41 and 50 years for men and 11 and 40 for women. Rural activities were the principal occupation of 46% of the patients. The diagnosis was confirmed by histopathological examination and by demonstration of fungus in scrapings, secretions or in the sputum. Serological tests for PCM were positive in 80% of the 584 patients studied. The significant number of patients, including 33 children under 14 years old, is an indication of the fungus? presence in the area and indicates that this region is an important endemic area for paracoccidioidomycosis. Cellular immune response to Paracoccidiodes brasiliensis antigens (PbAg) was evaluated in patients with the juvenile (JF) and adult (AF) forms of paracoccidioidomycosis (PCM) as well as in a group of infected individuals living in the endemic area but without any clinical manifestation of the disease. The immune profile of this group of PCM-infected (PI) individuals was characterized by: 1) a positive skin test to P. brasiliensis antigen, 2) absence of specific antibodies, 3) a vigorous lymphoproliferative response to PbAg, and 4) a typical Th1 pattern of cytokines, with production of IFN-?, IL-2, IL-12 and TNF-? and basal levels of IL-4, IL-5 and IL-10. At the opposite end of the spectrum were the JF patients whose proliferative response to PbAg was significantly impaired and whose cytokine pattern was characteristically Th2, i.e., lower IFN-? TNF-? and IL-12 secretion and significantly higher levels of IL-4 and IL-5. These profiles are compatible with forms of higher and lower resistance, respectively. Intermediate immune responses were observed in AF patients, whose specific lymphoproliferative response was lower than in the PI group but higher than in the JF patients. The secretion of IFN-? and IL-10 did not differ from the JF group, although IL-4 and IL-5 levels were significantly lower, and TNF-? and IL-12 higher. Since AF patients are able to control fungal dissemination for decades, they can be considered more resistant than JF patients, who manifest the disease soon after infection Doutorado Ciências Biomédicas Doutor em Ciências Médicas