Daflon, Verônica Toste, Feres Júnior, João, Ribeiro, Carlos Antonio Costa, Lázaro, André Luiz de Figueiredo, Guimarães, Antônio Sérgio Alfredo, and Silva, Graziella Moraes Dias da
Submitted by Boris Flegr (boris@uerj.br) on 2021-01-07T18:50:07Z No. of bitstreams: 1 tese Veronica Toste Daflon.pdf: 1753660 bytes, checksum: 15c0bae2baff3f38891b2ce16303b085 (MD5) Made available in DSpace on 2021-01-07T18:50:07Z (GMT). No. of bitstreams: 1 tese Veronica Toste Daflon.pdf: 1753660 bytes, checksum: 15c0bae2baff3f38891b2ce16303b085 (MD5) Previous issue date: 2014-10-24 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Until de mid-1970s academic studies strived to decipher the social standing of browns (pardos) in Brazil. However, more recent investigations, with few exceptions, remain silent on the specificities of this group. Blacks and browns have been grouped into the same category in analyses of inequality and racial discrimination. Whereas browns are extremely similar to blacks regarding socioeconomic indicators, chances of social mobility and racial discriminations, they are far apart from blacks in terms of their perception of prejudice and of the discrimination they are victims of. The nexus between color and discrimination is not evident in the purview of this group. This dissertation returns to browns as an object of reflection and investigates why they seem to suffer a similar degree of discrimination to blacks, yet they do not report it in the same way. Building upon the production of original analyses of quantitative data and surveys on racism, I find evidence capable of grounding a set of non-mutually exclusive explanations (1): the binary nature of the language of racism and anti-racism in Brazil, which exclude browns from the public debate, (2) methodological problems in the surveys on racial discrimination, (3) the idealized presence of morenidade in the identity and self-image of brown Brazilians, (4) the peculiarity of the sociability among blacks, browns and whites, (5) the ambivalence of stereotypes that apply to browns, and lastly (6) the higher porosity of white elites in relation to browns. Based on the elaboration of an alternative method for the measurement of the perception of discrimination, based on the Everyday Discrimination Scale, I demonstrate that blacks and browns from lower income groups have more similar perceptions of discriminatory behaviors while those who rise to the middle classes and elites diverge: blacks start reporting greater discrimination, while browns all but cease feeling it. I argue that Brazilian ambivalent racism operates so as to thwart social mobility of blacks and also browns, but that the stereotypes and attitudes to which it is related penalize more severely blacks who ascend socially than browns. Até meados da década de 1970 buscou-se decifrar o lugar social ocupado pelo pardo na sociedade brasileira. Contudo, os estudos mais recentes se caracterizaram, com algumas exceções, pelo silenciamento em torno das especificidades desse grupo. Pretos e pardos têm sido agrupados em uma mesma categoria para fins de análise de desigualdades e discriminação racial. No entanto, se os pardos estão extremamente próximos dos pretos no que toca os seus índices socioeconômicos, chances de mobilidade social e vitimização pela discriminação, eles estão muito distantes dos pretos em sua percepção do preconceito e da discriminação de que são vítimas. Para esse grupo, o nexo entre a cor e a discriminação não parece nem um pouco evidente. A presente tese retoma os pardos como tema de reflexão e investiga as razões pelas quais eles parecem ser discriminados em intensidade próxima à dos pretos, mas não reportam a discriminação no mesmo grau. A partir da produção de análises originais de dados quantitativos e surveys sobre racismo, encontro respaldo para algumas explicações não mutuamente excludentes para esse fenômeno: (1) o binarismo das linguagens racista e antirracista no Brasil, que exclui os pardos do debate público, (2) os problemas metodológicos dos surveys sobre discriminação racial, (3) a presença ideário da morenidade na identidade e autoimagem dos brasileiros pardos, (4) as peculiaridades da sociabilidade entre pretos, pardos e brancos, (5) o caráter ambivalente dos estereótipos que incidem sobre os pardos e, finalmente, (6) uma porosidade maior das elites brancas em relação a esses indivíduos. A partir da elaboração de um modelo alternativo de mensuração da percepção da discriminação, baseado na Escala de Discriminação Cotidiana, demonstro que pretos e pardos de classes mais baixas têm percepções mais parecidas de atitudes discriminatórias, enquanto aqueles que atingem as classes médias e elites passam a divergir: os pretos passam a reportar mais intensamente a discriminação, enquanto os pardos praticamente cessam de senti-la. Sustento que o racismo ambivalente brasileiro funciona de modo a barrar a mobilidade social tanto de pretos como de pardos, mas que os estereótipos e atitudes a que ele está relacionado penalizam mais severamente os pretos que ascendem socialmente do que os pardos.