Contexto: Pelargonium sidoides é uma importante planta com propriedades medicinais originária da região da África do Sul e Lesoto, amplamente utilizada no tratamento de infecções respiratórias por meio do seu extrato comercializado EPs®7630. Atualmente, os resultados de investigações pré-clínicas indicam que a atividade farmacológica de P. sidoides inclui moderados efeitos antimicrobianos, marcante modulação da resposta imune não-específica, especialmente com propriedades imunomoduladoras por meio do estímulo sobre a atividade de células natural killer (NK). Poucos são os estudos que avaliam a atividade das células NK e sua citotoxicidade na presença do EPs® 7630. Objetivo: avaliar os efeitos a curto prazo causados pelo EPs®7630 sobre linfócitos citotóxicos na proliferação, ativação e degranulação celular, na produção de proteínas contidas em seus grânulos citolíticos e na expressão do gene da perforina (PRF1). Método: Foram utilizadas células mononucleares de sangue periférico de indivíduos com idade igual ou superior a 18 anos, saudáveis, sem histórico de neoplasias, doenças autoimunes e doenças infecciosas crônicas ou ativas no momento da inclusão do estudo. As células foram subdivididas entre três grupos (sem tratamento, tratadas com EPs® 7630 a 10μg/mL e controle veículo) e incubadas em estufa CO2 a 5% a 37ºC por 4 horas. Posteriormente, foi realizada imunofenotipagem dessas células por citometria de fluxo a fim de se quantificar os linfócitos T e suas subpopulações, as células NK, o marcador CD38 para ativação celular, o marcador CD107a para degranulação celular, além da proteína perforina em sua forma inativa (BD48) e em sua forma ativada (DG9) em linfócitos TCD8 e células NK. Já a análise da expressão do gene da perforina PRF1 foi realizada pela da técnica RTq-PCR (PCR em tempo real). Os testes estatísticos foram realizados por meio do programa GraphPad Prism e as análises foram consideradas estatisticamente significantes para p < 0,05. Resultados: houve um pequeno aumento na proliferação de linfócitos T após o tratamento com o EPs® 7630 a 10μg/mL por 4 horas, no entanto sem diferença estatisticamente significativa entre as médias (41,14 ± 10,41 vs. 43,25 ± 10,83; p=0,199). Observou-se quantidades semelhantes entre as médias dos grupos sem tratamento e com tratamento de linfócitos TCD8 (66,38 ± 12,11 vs. 66,28 ± 11,42 respectivamente; p=0,997), de linfócitos TCD4 (24,74 ± 14,33 vs. 24,65 ± 14,23, respectivamente; p=0,998) e de células NK (8,70 ± 3,62 vs. 8,18 ± 3,02, respectivamente; p=0,432). O número de linfócitos com marcação de ativação CD38+ também foi semelhante entre tratados e não tratados. A quantificação de perforina em sua forma inativa (BD48) e ativada (DG9) nos linfócitos TCD8 não diferiu entre tratados e não tratados. Em relação às células NK, a média de perforina em sua forma inativa (BD48) nos grânulos citolíticos se mostrou maior no grupo tratado em comparação às células sem tratamento, porém sem diferença estatisticamente significativa (29,20 ± 11,10 vs. 24,29 ± 11,00, respectivamente; p=0,346). Pôde-se evidenciar que houve aumento significativo na quantidade de perforina ativa (DG9) em função do tratamento com EPs®7630 a 10μg/mL por 4 horas quando realizada comparação ao grupo de células sem tratamento (11,87 vs. 8,6, respectivamente; p=0,048). Quanto à degranulação, não foram observadas diferenças quanto ao tratamento, tanto em linfócitos T CD8 quanto em células NK. Na avaliação da expressão gênica de PRF1, observou-se maior número de transcritos do gene, cerca de 6 vezes mais, no grupo de células tratadas com o EPs®7630 a 10μg/mL em comparação ao grupo sem tratamento, (0,02 vs. 0,003, respectivamente; p=0,0079). Conclusão: Foi observado que o extrato comercial à base de P. sidoides é capaz de modular o sistema imune inato por meio da ativação de perforinas presentes nos grânulos citolíticos das células NK. Esses resultados apontam o extrato EPs®7630 como uma substância com propriedades adjuvantes promissoras no tratamento de doenças causadas por células infectadas por vírus ou neoplásicas. Context: Pelargonium sidoides is an important herbal medicine from South Africa and Lesotho, largely used on the treatment of respiratory tract infections through its commercialized extract EPs®7630. Currently, the results of pre-clinical investigations indicate which pharmacological activity of P. sidoides includes moderate antimicrobial effects, significant modulation of non-specific immune response, mainly with immunomodulatory properties by stimulating the activity of natural killer cells (NK). There are few studies that evaluate the activity of NK cells and their toxicity in the presence of EPs®7630. Objective: evaluate the effects of EPs®7630 on cytotoxic lymphocytes in proliferation, activation and, cell degranulation, on the production of proteins inside their cytolytic granules and, perforin (PRF1) gene expression. Methods: Peripheral blood mononuclear cells from healthy individuals aged 18 years or older, with no history of neoplasms, autoimmune diseases, and chronic or active infectious diseases at the time of study inclusion were used. Cells were divided into three groups (no treatment, treated with 10μg/mL EPs® 7630 and, vehicle control) and incubated in a 5% CO2 oven at 37ºC for 4 hours. Subsequently, immunophenotyping of these cells was performed by flow cytometry in order to quantify T lymphocytes and their subpopulations, NK cells, the CD38 marker as an indication of cell activation, the CD107a marker as an indication of cell degranulation, in addition to the perforin protein in its inactive form (BD48) and in its activated form (DG9) in TCD8 lymphocytes and NK cells. The analysis of the expression of the perforin PRF1 gene was performed using the RTq-PCR (real-time PCR) technique. Statistical tests were performed using the GraphPad Prism program and the analyzes were considered statistically significant for p