Este trabalho aborda as tensões estabelecidas entre a cultura globalizada, de caráter universalizante e mercadológico, que embasa as políticas “públicas” contemporâneas, e certas manifestações culturais, locais e dissonantes, que expressam potencialidades de resistência à espetacularização do espaço público urbano. Partindo-se do conceito de espetáculo, de Guy Debord, buscouse compreender o fenômeno de conformação da metrópole contemporânea à lógica econômica e estética decorrente do amálgama Estado-capital, tendo como objeto de crítica a cidade brasileira de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Entendendo-se que o espetáculo caracteriza-se primordialmente pela redução de todo valor de uso ao valor de troca, bem como por uma lógica aparentemente totalizante que restringe a experiência hu-mana à contemplação passiva de bens e imagens (não-intervenção), apontou-se questões relacionadas à vida na cidade de Belo Horizonte que demonstram a atualidade de tais processos. Dessas constatações, foi possível verificar que a cidade, também, hibridizou-se, ao se configurar, predominantemente, como cidade-espetáculo, na qual o espaço público deixa de pertencer ao domínio comum das pessoas e passa a compor uma esfera separada da experiência. Contu-do, podese constatar que outras formas de ocupação e de uso do espaço urbano também surgem no cerne da cidade-espetáculo, o que traz à tona potencialidades de profanação e de produção biopolítica, nesses espaços. Assim, em um segundo momento do trabalho, buscou-se refletir sobre tais movimentos e como estes podem favorecer a constituição de processos horizontalizados de participação política em rede, produzir novas subjetividades e expandir o comum., This work discusses the existing tensions between global culture which presents a universalizing and marketing character that supports “public” contemporary policies, and certain cultural, locals and dissonants manifestations that expresses potentialities of resistance to the spectacularization of urban public space. Starting from Guy Debord’s spectacle concept, we searched to understand the conformation’s phenomenon of the contemporary metropolis to the economic and aesthetic logic derived from “State-capital”, having as object of criticism the Brazilian city of Belo Horizonte, capital of Minas Gerais State. On the understanding that the spectacle is characterized primarily by reducing of all use value to exchange-value, as well as by an apparently totalizing logic that restricts human experience to the passive contemplation of goods and images (non intervention), were indicated issues related to life in the Belo Horizonte city that demonstrate the relevance of such process. From these findings it was possible to verify that the city, also, is hybridized, being configured predominantly as “city-spectacle”, in which the public space ceases to belong to the common use of people and forms a separate sphere from experience. Nevertheless, can be verify that others occupation forms and of urban space use also appear at the heartwood of the “city-spectacle”, which brings to light potential of profanation and biopolitical production in these spaces. Therefore, in a second moment of the work, we searched to reflect about such movements and how these may favor the formation of horizontalized processes in network political participation, produce new subjectivities and expand the common.