Relatório de Estágio do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas apresentado à Faculdade de Farmácia A doença de Alzheimer (DA) é a forma mais comum de demência. Patologicamente, é caracterizada por degenerescência dos neurónios e sinapses, deposição de placas extracelulares constituídas por péptideos beta-amiloides (Aβ) agregados e emaranhados neurofibrilares (ENF) intracelulares que consistem em proteína Tau hiperfosforilada. A deterioração cognitiva evolui de forma progressiva e irreversível, e reflete-se clinicamente em alterações de comportamento e personalidade, e também na capacidade funcional do indivíduo, dificultando o seu quotidiano. Apesar dos esforços intensos de investigação nas últimas décadas, os mecanismos subjacentes à etiologia da DA permanecem por esclarecer. Este facto constitui uma inquietação mundial, devido ao aumento exponencial de pacientes afetados por esta condição médica, e dado que os tratamentos existentes são apenas de natureza paliativa e pouco modificam a doença. Recentemente, a patologia da diabetes mellitus (DM) tem ganho um foco especial devido à sua possível conexão e influência na DA, estando envolvida no risco de a desenvolver. A DA e a DM são duas doenças relacionadas com a idade e a sua prevalência têm vindo a aumentar significativamente ao longo dos últimos anos. Devido à multiplicidade de vias fisiológicas envolvidas, ainda não foi clarificado o papel que a DM desempenha no desenvolvimento da DA, mas já vários fatores foram identificados, como modificações na sinalização da insulina, alterações no metabolismo de ácidos gordos e glicose, stresse oxidativo, disfunção mitocondrial, processamento aberrante de proteínas, ativação de vias inflamatórias e a formação e acumulação de produtos finais de glicação avançada (AGE). Deste modo, é vital elucidar as complexas interações moleculares e mecanismos biológicos que conectam ambas as patologias, de forma a modular o início e progressão da DA e proporcionar uma nova abordagem terapêutica promissora. Alzheimer’s disease (AD) is the most common form of dementia. Pathologically, it is caracterized by degeneration of neurons and synapses, deposition of extracellular plaques made of aggregated amyloid beta (Aβ) peptides and intracellular neurofibrillary tangles, consisting of hyperphosphorilated Tau protein. Cognitive deterioration evolves in a progressive and irreversible manner and is clinically reflected in behavior and personality changes, and also in the deterioration of the individual’s self-functioning capacity, making daily life difficult. Despite the intense research efforts in the last decades, the mechanisms underlying the etiology of AD remain unclear. These facts compose a worldwide concern, due to the exponential rise of the number of patients affected by this medical condition, and given that the existing treatments are of palliative nature, and barely modify the disorder. Recently, the pathology of diabetes mellitus (DM) has gained special focus due to the possible connection and influence in AD, being involved in the risk of developing it. AD and DM are two age-associated disorders and their prevalence has been increasing significantly throughout recent years. Due to the multiplicity of physiological pathways involved, the role which DM plays in the development of AD has not yet been clarified, but several factors have been identified already, such as modifications in insulin signaling, changes in fatty acid and glucose metabolism, oxidative stress, mitochondrial dysfunction, abnormal protein processing, activation of inflammatory pathways and formation and accumulation of advanced glycation end products (AGE). Thus, it is vital to elucidate the complex molecular interactions and biological mechanisms that connect both pathologies, in order to modulate the onset and progression of AD and provide promising novel therapeutic approaches.