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Os ‘estudos de área’ (area studies) usam uma metáfora geográfica para visualizar e naturalizar espaços sociais particulares, bem como uma escala particular de análise. Eles produzem geografias específicas de conhecimento, mas também criam geografias de ignorância. Tomando o Sudeste Asiático como exemplo, neste artigo eu exploro como as áreas são imaginadas e como o conhecimento de área é estruturado para construir ‘zonas centrais’ (heartlands) e ‘zonas de fronteira’ (borderlands). Isto é ilustrado considerando-se uma grande região da Ásia (aqui denominada Zomia) que não se tornou uma área mundial na repartição das áreas após a Segunda Guerra Mundial, porque carecia de fortes centros de formação estatal, era politicamente ambígua e não impôs suficiente influência acadêmica. Como Zomia foi esquartejada e tornada periférica pelo surgimento de sólidas comunidades de especialistas de áreas do Leste, Sudeste, Sul e Centro Asiático, a produção de conhecimento sobre ela diminuiu. Sugiro que precisamos examinar mais de perto as políticas acadêmicas de escala que criam e sustentam os estudos de área, em um momento em que a espacialização da teoria social entra em um novo e inexplorado terreno. O impulso heurístico por trás das áreas imaginadas e o conhecimento contextualizado, de alta qualidade, que os estudos da área produzem podem ser aproveitados para imaginar outras configurações espaciais, como áreas de ‘cortes transversais’, o favo de mel mundial das zonas de fronteiras, ou as geografias do processo de fluxos transnacionais. Estudiosos de todas as áreas convencionais podem estar envolvidos neste projeto para ‘saltar escala’ e desenvolver novos conceitos de espaço regional. ‘Area studies’ use a geographical metaphor to visualise and naturalise particular social spaces as well as a particular scale of analysis. They produce specific geographies of knowing but also create geographies of ignorance. Taking Southeast Asia as an example, in this paper I explore how areas are imagined and how area knowledge is structured to construct area ‘heartlands’ as well as area ‘borderlands’. This is illustrated by considering a large region of Asia (here named Zomia) that did not make it as a world area in the area dispensation after World War 2 because it lacked strong centres of state formation, was politically ambiguous, and did not command sufficient scholarly clout. As Zomia was quartered and rendered peripheral by the emergence of strong communities of area specialists of East, Southeast, South, and Central Asia, the production of knowledge about it slowed down. I suggest that we need to examine more closely the academic politics of scale that create and sustain area studies, at a time when the spatialisation of social theory enters a new, uncharted terrain. The heuristic impulse behind imagining areas, and the high-quality, contextualised knowledge that area studies produce, may be harnessed to imagine other spatial configurations, such as `crosscutting’ areas, the worldwide honeycomb of borderlands, or the process geographies of transnational flows. Scholars of all conventional areas can be involved in this project to `jump scale’ and to develop new concepts of regional space. Les area studies utilisent une métaphore géographique pour visualiser et naturaliser des espaces sociaux particuliers, ainsi qu'une échelle d'analyse particulière. Ils produisent des géographies spécifiques du savoir mais créent aussi des géographies de l'ignorance. En prenant l'Asie du Sud-Est comme exemple, dans cet article, j'explore comment les zones (areas) sont imaginées et comment la connaissance de la zone est structurée pour construire des « centres » ainsi que des « zones frontalières ». Ceci est illustré en considérant une grande région d'Asie (ici nommée Zomia) qui n'en est pas devenue une zone mondiale après la Seconde Guerre mondiale car elle manquait de centres forts de formation d'État, était politiquement ambiguë et ne disposait pas d'un poids scientifique. Alors que Zomia était écartelée et rendu périphérique par l'émergence de fortes communautés de spécialistes de zone d'Asie de l'Est, du Sud-Est, du Sud et Centrale, la production de connaissances à son sujet s'est ralentie. Je suggère que nous devons examiner de plus près les politiques académiques qui créent et soutiennent les études régionales, à un moment où la spatialisation de la théorie sociale pénètre un nouveau terrain inexploré. L'impulsion heuristique derrière l'imagination des zones, et la connaissance contextualisée que produisent les area studies, peuvent être exploitées pour imaginer d'autres configurations spatiales, telles que les zones « transversales », le nid d'abeilles mondial des régions frontalières ou les processus géographiques des flux transnationaux. Les chercheurs de tous les domaines conventionnels peuvent être impliqués dans ce projet pour « sauter l'échelle » et développer de nouveaux concepts d'espace régional. Los “estudios de área” utilizan una metáfora geográfica para visualizar y naturalizar espacios sociales particulares, así como una escala de análisis particular. Producen geografías específicas de conocimiento, pero también crean geografías de ignorancia. Tomando el sudeste asiático como ejemplo, en este artículo exploro cómo se imaginan las áreas y cómo se estructura el conocimiento de áreas para construir áreas centrais (heartland) así como áreas de fronteras (borderland). Esto se ilustra al considerar una gran región de Asia (aquí llamada Zomia) que no la convirtió en un área mundial en la dispensación del área después de la Segunda Guerra Mundial porque carecía de centros fuertes de formación estatal, era políticamente ambigua y no tenía suficiente influencia académica. A medida que Zomia fue descuartizada y convertida en periférica por el surgimiento de fuertes comunidades de especialistas de área del este, sureste, sur y centro de Asia, la producción de conocimiento al respecto se ralentizó. Sugiero que debemos examinar más de cerca las políticas académicas de escala que crean y sustentan los estudios de área, en un momento en que la espacialización de la teoría social entra en un terreno nuevo e inexplorado. El impulso heurístico detrás de la imaginación de áreas, y el conocimiento contextualizado de alta calidad que producen los estudios de áreas, pueden aprovecharse para imaginar otras configuraciones espaciales, como “áreas transversales”, el panal mundial de fronteras o las geografías de proceso de los flujos transnacionales. Estudiosos de todas las áreas convencionales pueden participar en este proyecto para “saltar de escala” y desarrollar nuevos conceptos de espacio regional.

O texto apresenta e contextualiza o artigo traduzido para o português, Geografias do Saber, Geografias da Ignorância: saltando escalas no Sudeste Asiático, que incorpora uma abordagem macroscópica e original, desafiando a formação e os pressupostos dos "estudos de área” e também dos "estudos asiáticos": o primeiro, uma tradição universitária anglo-americana com pouca penetração na academia brasileira; e o segundo, um campo de especialização regional que apenas mais recentemente passou a ganhar maior espaço nos cursos de ciências sociais e humanas e nos programas de pesquisa latino-americanos, mas que ainda recebe pouquíssima atenção nas revistas e nos departamentos brasileiros de geografia. Particular atenção é dada ao Sudeste Asiático como uma área de estudo, considerando sua construção, seus limites e suas escalas. Mas qual poderia ser o interesse do público brasileiro numa região geograficamente tão distante e distinta? Quais debates acadêmicos foram suscitados a partir do artigo traduzido? E, afinal, o que são os area studies e qual sua relação com a geografia? Nesta introdução busco responder estas três questões. The text presents and contextualizes the article translated to portuguese, Geographies of Knowing, Geographies of Ignorance: jumping scales in Southeast Asia, which incorporates a macroscopic and original approach, challenging the formation and assumptions of Area Studies and also of Asian Studies: the first, an Anglo-American university tradition with little penetration in the Brazilian academy; and the second, a regional specialization field that only recently has gained more space in social sciences and humanities courses and in Latin American research programs, but which still receives very little attention in geography Brazilian journal and departments. Particular attention is given to Southeast Asia as a study area, considering its construction, limits and scales. But what could be the interest of the Brazilian public in a geographically so distant and distinct region? Which academic debates were raised from the translated article? And, after all, what are the area studies and what is their relationship with geography? In this introduction I try to answer these three questions. Le texte présente et contextualise l'article traduit en portugais, Géographies du savoir, Géographies de l'ignorance: sauter des échelles en Asie du Sud-Est, qui intègre une approche macroscopique et originale, remettant en cause la formation et les hypothèses des «area studies» et aussi des «études asiatiques»: le premier, une tradition universitaire anglo-américaine avec peu de pénétration dans l'académie brésilienne; et le second, un domaine de spécialisation régionale qui a récemment gagné plus d'espace dans les cours de sciences sociales et humaines et dans les programmes de recherche du Pays d'Amérique latine, mais qui reçoit encore très peu d'attention dans les magazines et les départements de géographie brésiliens. Une attention particulière est accordée à l'Asie du Sud-Est en tant que région d'étude, compte tenu de sa construction, de ses limites et de ses échelles. Mais quel pourrait être l'intérêt du public brésilien pour une région géographiquement si éloignée et si distincte? Quels débats académiques ont été soulevés à partir de l'article traduit? Et, après tout, que sont les area studies et quelle est leur relation avec la géographie? Dans cette introduction, j'essaye de répondre à ces trois questions. El texto presenta y contextualiza el artículo traducido al portugués, Geografías del saber, Geografías de la ignorancia: saltando escalas en el sudeste asiático, que incorpora un enfoque macroscópico y original, desafiando la formación y supuestos de "estudios de área" y también de "estudios asiático": el primero, una tradición universitaria angloamericana con poca penetración en la academia brasileña, y el segundo, un campo de especialización regional que sólo recientemente ha ganado más espacio en los cursos y programas de investigación en ciencias sociales y humanidades de América Latina, pero que todavía recibe muy poca atención en las revistas y departamentos de geografía brasileños. Se presta especial atención al Sudeste Asiático como área de estudio, considerando su construcción, sus límites y sus escalas. Pero, ¿cuál podría ser el interés del público brasileño en una región geográficamente tan distante y distinta? ¿Qué debates académicos surgieron del artículo traducido? Y, después de todo, ¿qué son los estudios de área y cuál es su relación con la geografía? En esta introducción trato de responder estas tres preguntas.

In Switzerland, Latin American Studies are in a paradoxical situation in which most professors/researchers of the country in particular in the French speaking part are very pessimistic about their status, while the situation in the German speaking part seems to improve. It is important to keep in mind the weak institutionalization of these studies and that most initiatives emerge by personal initiatives of professors/researchers., [ES] En Suiza, el latinoamericanismo presenta una situación paradójica en la cual la mayoría de los docentes/investigadores del país y en particular la zona sur de habla francesa tiene una visión muy pesimista, mientras que la situación en la parte germánica recién parece mejorar. Cabe remarcar la débil institucionalización de dichos estudios, visto que muchas iniciativas emergen por voluntad personal de los docentes/investigadores.

Aquest dossier aplega un seguit d'articles inspirats en el concepte d'orientalisme d'Edward Said. En conjunt, els articles del dossier demostren la importància de l'aportació de Said i defensen la necessitat de continuar treballant per a fer-la encara més rellevant i vigent, tant dins del context acadèmic com en la difusió social que hi hauria d'estar inevitablement connectada. Amb un fil temàtic comú -la percepció de l'altre (l'Orient) amb la nostra perspectiva (Occident)- aquests articles defugen la concepció de l'Àsia oriental com a "disciplina" independent i la tracten, en canvi, com a objecte d'estudi que cal abordar amb rigor metodològic des de disciplines concretes: història, pensament, antropologia, literatura. Això hauria de facilitar, d'una banda, la possibilitat de projectar arguments i observacions que enriqueixin debats ja existents a cada disciplina aportant-hi una nova llum i, de l'altra, la difusió social d'aquestes idees sobre l'Àsia oriental més enllà de cercles restringits. This dossier contains a series of articles inspired by Edward Said's concept of Orientalism. Together, the articles in the dossier show the importance of Said's contribution and defend the need to continue working to make it even more important and valid, both in the academic context and in terms of the social diffusion it deserves. With a common thematic thread -the perception of the other (Orient) from our perspective (Occident)- these articles shun the conception of East Asia as an independent "discipline" and treat it, on the contrary, as an object of study that must be tackled with methodological rigour from specific disciplines: history, thought, anthropology and literature. This should facilitate, on one hand, the possibility of putting forward arguments and observations that enrich already existing debates in each discipline by shedding new light on them and, on the other, social diffusion of these ideas on East Asia beyond limited circles. Este dossier reúne una serie de artículos inspirados en el concepto de orientalismo de Edward Said. En conjunto, los artículos del dossier demuestran la importancia de la aportación de Said y defienden la necesidad de seguir trabajando para hacerla todavía más relevante y vigente, tanto dentro del contexto académico como en la difusión social, con la cual tendría que estar inevitablemente conectada. Con un hilo temático común -la percepción del otro (Oriente) con nuestra perspectiva (Occidente)-, estos artículos evitan la concepción de Asia oriental como "disciplina" independiente y la tratan, en cambio, como objeto de estudio que debe abordarse con rigor metodológico desde disciplinas concretas: historia, pensamiento, antropología, literatura. Eso tendría que facilitar, por una parte, la posibilidad de proyectar argumentos y observaciones que enriquezcan debates ya existentes en cada disciplina aportando nueva luz y, por otra, la difusión social de estas ideas sobre Asia oriental más allá de círculos restringidos.

Two central questions lead the development of this article. What does it mean to study Latin America today? How fruitful has interdisciplinarity been in latin american studies? For the author the first question seeks to find the current meaning of latin american studies in the light of past experiences and the second seeks to evaluate the acquired knowledge in its historical trajectory. Dos preguntas centrales orientan el desarrollo de este artículo: ¿qué significaestudiar América Latina en la actualidad? y ¿cuán fructífera ha sido la interdisciplinariedaden los estudios latinoamericanos? Para el autor, la primerapregunta apunta a encontrar el sentido del momento actual de los estudios latinoamericanosa la luz de la experiencia del pasado, y la segunda a evaluar losconocimientos adquiridos y acumulados en esa trayectoria histórica.