RASTREAMENTO DO CÂNCER DO COLO UTERINO EM MULHERES INDÍGENAS MBYÁ-GUARANI

O objetivo deste estudo foi analisar a adesão à coleta citopatológica e descrever o perfil dos exames de rastreamento do câncer do colo uterino realizados em mulheres indígenas Mbyá-Guarani do litoral norte do Rio Grande do Sul, no período de 2014 a 2018, para qualificar e direcionar a implementação de estratégias em saúde nas políticas públicas voltadas à mulher indígena. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa, com inclusão de dados dos registros dos exames de rastreamento de câncer do colo uterino disponíveis no Sistema de Informação do Câncer (SISCAN). Foram incluídas 113 mulheres Mbyá-Guarani, com idades entre 10 a 69 anos. A adesão à realização do exame citopatológico foi de 47% no período de 5 anos, com média etária de 29 anos. Em relação ao perfil citopatológico, 7% apresentaram alterações citopatológicas distribuídas em células atípicas de significado indeterminado (atypical squamous cells of undetermined significance [ASCUS]), possivelmente não neoplásicas, e lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (low‐grade intraepithelial lesions [LSIL]) e 28% de desvio de flora, sugestivo de vaginose bacteriana, mais comumente associada à Gardnerella vaginalis. Os resultados demonstram que a adesão ficou abaixo da meta de 85% esperada pelo Ministério da Saúde (MS), evidenciando a necessidade de políticas públicas diferenciadas voltadas às populações de maior vulnerabilidade em saúde.