O ícone e o palhaço ou Quando Mazzaropi encena Lampião

O massacre do bando de cangaceiros chefiado por Virgulino Ferreira, o Lampião, em 1938, marcou a memória do povo brasileiro, inspirando não somente a literatura como o cinema nacional. A representação do famoso bandido foi constante na cinematografia brasileira, desde a primeira obra que inaugurou o gênero de «filme de cangaço»: O Cangaceiro, dirigido por Lima Barreto em 1953, numa produção da Vera Cruz. Na década de 60, o Cinema Novo vai consagrar internacionalmente o novo gênero, bem vivo ainda hoje. Num registro totalmente diferente da maior parte dos filmes propostos pelo cinema brasileiro, O Lamparina, imaginado e estrelado por Amácio Mazzaropi rompe com o caráter trágico ou dramático das caracterizações até então propostas, inserindo a figura do cangaceiro num contexto cômico e irônico inédito até então. Le massacre, en 1938, de la bande de cangaceiros commandée par Virgulino Ferreira, plus connu sous le surnom de «Lampião» a marqué la mémoire du peuple brésilien. Il a inspiré non seulement la littérature, mais aussi le cinéma du pays. La représentation du célèbre bandit fut constante à l’intérieur de la cinématographie brésilienne, depuis la réalisation de O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953, production Vera Cruz), oeuvre qui inaugura le genre « film de banditisme du Nordeste ». Dans les années 60, le Cinema Novo va faire connaître ce genre internationalement, toujours vivant jusqu’aujourd’hui. Dans un registre complètement différent de la plupart des films proposés par le cinéma brésilien, O Lamparina – conçu et joué par Amácio Mazzaropi –, rompt avec le ton tragique ou dramatique des productions antérieures, proposant un personnage de cangaceiro inséré dans un contexte comique et ironique jusqu’alors inédit. The massacre, in 1938, of the cangaceiros’ gang commanded by Virgulino Ferreira, better known by his nickname “Lampiào”, has remained in the memory of Brazilian people. It no only inspired literary works, but also films produced in the country. The representation of the famous bandit was constantly present within Brazilian cinematography, since the creation of O Cangaceiro (Lima Barreto, 1953, production Vera Cruz), which gave birth to the gender known as “film of the Nordeste’s banditry”. In the sixties, the Cinema Novo brought worldwide fame to it, and this continues to be the case today. In a very different register from the one usually proposed by Brazilian cinema, O Lamparina –conceived and played by Amácio Mazzaropi– breaks off with the tragic or dramatic tone of prior productions, proposing a cangaceiro character integrated in an ironic and comic context, unused till then.