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Tirano, louco e incendiário

Authors :
Fabio Faversani
Source :
História da Historiografia, Vol 13, Iss 33, Pp 375-395 (2020)
Publication Year :
2020
Publisher :
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), 2020.

Abstract

O imperador Nero foi se constituindo, ao longo de séculos e com o uso de múltiplas linguagens produzidas por diversas culturas, num símbolo bastante universalizado de tirania. Associado, sobretudo, com a loucura e a destruição, serviu para a crítica dos mais diversos governantes que o seguiram e cometeram crimes que pudessem, de algum modo, ser ligados àqueles que foram atribuídos a Nero. Tais aproximações, muito variadas ao longo do tempo e espaço, permitiram a constituição de um amplo e multifacetado repertório de Neros produzidos na política, na literatura, no cinema, na música etc. Esse repertório gerou uma tradição composta da associação do Nero “original” com os diversos personagens e contextos dos “novos” Neros. Essa tradição permitiu ao mesmo tempo uma nova interpretação do passado e uma leitura original do presente. Nesse sentido, há uma construção recíproca e simultânea do(s) passado(s) e do presente, gerando o processo de allelopoiesis, produzindo Neros que não pertencem exclusivamente ao(s) passados ou ao presente, mas mesclam e confundem inextricavelmente essas temporalidades em diferentes sínteses que se comunicam através de uma tradição com a forma de repertório a ser reapropriado e modificado. Esse artigo tem por foco o caso do Presidente da República do Brasil, Jair Bolsonaro, apelidado de BolsoNero.

Details

Language :
English, Spanish; Castilian, Portuguese
ISSN :
19839928
Volume :
13
Issue :
33
Database :
Directory of Open Access Journals
Journal :
História da Historiografia
Publication Type :
Academic Journal
Accession number :
edsdoj.3250abdd8ae34df8b19f639318b9f236
Document Type :
article
Full Text :
https://doi.org/10.15848/hh.v13i33.1573