Câncer na América Latina Perspectivas sombrias

Na América Latina ainda persistem os fatores de risco de câncer relacionados com a pobreza; ao mesmo tempo, já estão presentes aqueles decorrentes do desenvolvimento. A tendência temporal das taxas de mortalidade revela que apenas o Uruguai, a Argentina, a Região Sul do Brasil e Cuba têm índices de mortalidade proporcional próximos aos países desenvolvidos, isto é, 20%. No sexo masculino prevalecem ainda os cânceres de pulmão e estômago, sem grandes diferenças regionais. No sexo feminino o câncer de útero é o primeiro da lista nas regiões menos desenvolvidas, como Venezuela, México e Nordeste do Brasil, e o de mama, nas mais desenvolvidas, como Uruguai, Argentina e Sul do Brasil. A localização colorretal está assumindo características epidêmicas em algumas dessas regiões mais desenvolvidas, em ambos os sexos. São também importantes a ocorrência do câncer de vesícula biliar em mulheres nos países do Oeste, principalmente Chile, e do esôfago em homens nos países do Sul, quais sejam Uruguai, Argentina e extremo Sul do Brasil. Considerando-se que em várias regiões a melhoria da expectativa de vida contrapõe-se à permanência da pobreza em outras, fica evidente para as próximas décadas considerável aumento de morbidade e mortalidade por câncer na América Latina.