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Um caso clínico de encefalite paraneoplásica

Authors :
Cátia Filipa Neto da Silva
Filipe Daniel Cunha Costa
Mário Rui Portilha Antunes da Cunha
Source :
Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Vol 36, Iss 2 (2020)
Publication Year :
2020
Publisher :
Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 2020.

Abstract

Introdução: A encefalite é uma condição inflamatória cerebral com múltiplas etiologias. Na maioria dos casos, os agentes virais são os principais responsáveis, mas raramente a etiologia pode ser auto-imune/paraneoplásica. A incidência de encefalite paraneoplásica é desconhecida. As neoplasias mais frequentemente associadas a esta síndrome são o carcinoma pulmonar, tumor testicular, neoplasia da mama, timoma e linfoma de Hodgkin. Pensa-se que o mecanismo etiopatogénico se relaciona com a produção de auto-anticorpos contra a superfície neuronal e/ou proteínas sinápticas. Dependendo do local do sistema nervoso afetado, a sintomatologia varia, sendo que, a encefalite límbica é caraterizada pelo início agudo de alterações do comportamento, humor, memória a curto-prazo e disfunção cognitiva. A deteção e tratamento precoces melhoram o prognóstico, a rapidez da recuperação e reduzem o risco de recaída. A ausência de tratamento pode evoluir para um quadro neurológico debilitante, culminando em coma e morte em alguns doentes. Descrição do caso: Mulher de 50 anos, avaliada na Unidade de Saúde Familiar (USF) em 2017, por alterações mnésicas súbitas e alterações do comportamento. À avaliação, apresentava apatia, anedonia e escassez de discurso, esboçando, por vezes, um riso inapropriado. Desorientação espacial, temporal e em relação a si própria, que evoluiu para um quadro de agressividade e não reconhecimento dos seus familiares. A investigação etiológica concluiu tratar-se de encefalite auto-imune/paraneoplásica, tendo a doente sido internada em Neurologia. O estudo investigacional mostrou massa no mediastino anterior, compatível com timoma. Em 2018, a doente foi submetida a exérese da neoplasia, com recuperação do quadro neurológico. Comentário: A baixa prevalência desta patologia e o seu diagnóstico diferencial com doença psiquiátrica tornam difícil o diagnóstico desta síndrome. O médico de família conhecendo os seus pacientes ao longo do tempo, está numa posição privilegiada para a deteção de sinais de alarme que carecem de investigação e tratamento diferenciados.

Subjects

Subjects :
Medicine (General)
R5-920

Details

Language :
English, Spanish; Castilian, Portuguese
ISSN :
21825181
Volume :
36
Issue :
2
Database :
Directory of Open Access Journals
Journal :
Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
Publication Type :
Academic Journal
Accession number :
edsdoj.4903a7e25fb4134b7008917e4cd8ecf
Document Type :
article
Full Text :
https://doi.org/10.32385/rpmgf.v36i2.12492