A crônica mundana e a circulação transnacional de modelos narrativos

Atentando para o vínculo estreito entre literatura e imprensa periódica durante as primeiras décadas do século XX, este artigo procura examinar a crônica mundana na perspectiva da circulação transnacional, sobretudo, no eixo França-Brasil. A análise se apoia em conceitos da história cultural, dando ênfase à história literária da imprensa. Considera que por se dedicar ao retrato da vida elegante nos centros urbanos, a crônica mundana ajudou a criar e legitimar um imaginário de modernidade nas cidades. O objetivo é investigar por meio desse gênero textual a construção literária do imaginário coletivo e observar a transferência de modelos de escrita no momento de expansão da cultura midiática. O trabalho realiza um exercício de análise comparativa entre dois periódicos – a revista francesa Femina e a Revista da Semana –, tendo em vista que ambas circularam no Rio de Janeiro na Belle Époque. As semelhanças e diferenças entre as crônicas das duas revistas indicam características do processo de adaptação e apropriação dos gêneros literários. Essa modalidade jornalístico-literária contribuiu para forjar referências compartilhadas de práticas modernas.