Neste artigo, faço uma reflexão crítica sobre o romance A montanha mágica (1924), de Thomas Mann, como um possível romance de formação. De acordo com Franco Moretti, o ‘Bildungsorman” é a forma simbólica da modernidade, porque é nela que a juventude se torna a parte mais significativa da vida, na medida em que incorpora o dinamismo e a instabilidade que tanto caracterizam a temporalidade moderna. A experiência da juventude pode ser uma das coisas perdidas depois da Primeira Guerra Mundial. Esta experiência é marcada por uma sensação de perda da capacidade de construir sentido, como Walter Benjamin articulou em seu famoso ensaio “Experiência e pobreza”. De alguma maneira, a construção de um personagem jovem, como Hans Castorp (mesmo que ele tenha vivido antes da Guerra) implica um desafio formal. Qual foi a linguagem disponível para a construção de um personagem jovem naquele momento histórico específico? Neste artigo, defendo a ideia de que Hans Castorp, diferentemente de um Pip, de Charles Dickens, ou de um Rubempré, de Balzac, não se resigna nem se autodestrói. Ele é um personagem de romance de formação na medida em que se deixa educar esteticamente.