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Ressenya del llibre: Peral Vega, Emilio. “La verdad ignorada”. Homoerotismo masculino y literatura en España (1890-1936). Madrid, Cátedra, 2021. Esta reseña forma parte del proyecto de investigación "Memorias de las masculinidades disidentes en España e Hispanoamérica" (PID2019-106083GB-I00) del Ministerio de Ciencia e Innovación.

Une grande partie des débats critiques autour de Grande Sertão: Veredas (1956) ont été marqués par un détachement symptomatique des questions liées à l’homosexualité et à l’homoérotisme. Dans le sillage d’autres études produites au Brésil et à l’étranger qui cherchent à remplir ce vide analytique, cet article propose d’étudier l’homoérotisme et l’homoaffectivité omniprésents dans le monologue de Riobaldo. Pour ce faire, après un bref aperçu des études critiques sur le roman de Rosa, nous analyserons l’œuvre à partir d’auteurs et autrices tel.le.s que Judith Butler, Eve Sedgwick et Jacques Lacan. Much of the criticism of Grande Sertão: Veredas (1956) has been characterized by a symptomatic distance from issues related to homosexuality and homoeroticism. In the wake of other studies produced in Brazil and abroad that aim to fill this analytical void, this article proposes to study the omnipresence of homoeroticism and homoaffectivity in Riobaldo’s monologue. To do this, we will first conduct a brief review of the literature on this novel; and then, analyze it from authors such as Judith Butler, Eve Sedgwick and Jacques Lacan. Grande parte da crítica relativa a Grande Sertão: Veredas (1956) tem sido marcada por um sintomático distanciamento das questões relacionadas à homossexualidade e ao homoerotismo. Na esteira de outros estudos produzidos no Brasil e no exterior que visam preencher esse vazio analítico, este artigo se propõe a estudar o homoerotismo e a homoafetividade omnipresentes no monólogo de Riobaldo. Para isso, primeiramente será feita uma breve revisão da literatura sobre o romance de Rosa; e, em seguida, será proposta uma análise a partir de autores como Judith Butler, Eve Sedgwick e Jacques Lacan.

O presente trabalho é constituído por dois ensaios sobre a temática do homoerotismo masculino na poesia do Brasil entre os séculos XVII e XXI. As análises estabelecidas dialogam com os estudos literários acerca do tema, com pesquisas sobre sexualidade, gênero e o Pajubá e se dão a partir de um olhar homoeroticamente inclinado e, mais do que isso, por meio do “olhar gay” do pesquisador. No primeiro ensaio, “Homoerotismo masculino para além da ‘Boca do Inferno’”, há três subtópicos exemplificadores de três configurações poéticas observadas como frequentes. No primeiro deles, “Sob configuração gongadeira”, são realizadas leituras de poemas de Gregório de Matos, Manuel Inácio da Silva Alvarenga, Francisco Moniz Barreto, Paulo Vellozo, Jayme Santos Neves, Guilherme Santos Neves e Paulo Franchetti. No segundo deles, “Sob configuração discreta”, são realizadas leituras de poemas de Mário de Andrade e Carlos Drummond de Andrade e, no terceiro, “Sob configuração pintosa”, são realizadas leituras de poemas de Junqueira Freire, Roberto Piva, Caio Fernando Abreu e Hilda Hilst. Entre os resultados obtidos, estão: as configurações da temática que perpassam desde as noções de pecado, tara e desvio, em perspectivas negativas no que se refere às noções de afeto e desejo homoeróticos, em perspectivas afirmativas. Não há, contudo, uma linearidade temporal entre as perspectivas. Outro resultado obtido é que o tema é estabelecido na poesia a partir de elaborações textuais tanto explícitas quanto implícitas. No segundo ensaio, são feitas análises de poemas de A hora e vez de Candy Darling (2016), de Horácio Costa, que chegam à conclusão de que os tais efetivam uma dilatação temática do homoerotismo masculino incorporando desde a homoafetividade e a homofobia, até às existências plurais LGBT+. The present work consists of two essays about the theme of male homoeroticism in Brazilian poetry between the 17th and 21st centuries. The established analyzes dialogue with the literary studies on the subject, with research on sexuality, gender and Pajubá. They are based on a homoerotically avaible looking and, more precisely, the “gay overview” of the researcher, too. In the first essay, “Homoerotismo masculino para além da ‘Boca do Inferno’”, there are three exemplifying subtopics of three poetic configurations. In the first one, “Sob configuração gongadeira”, are read poems by Gregório de Matos, Manuel Inácio da Silva Alvarenga, Francisco Moniz Barreto, Paulo Vellozo, Jayme Santos Neves, Guilherme Santos Neves and Paulo Franchetti. In the second one, “Sob configuração discreta”, are read poems by Mário de Andrade and Carlos Drummond de Andrade. And in the third one, are read poems by Junqueira Freire, Roberto Piva, Caio Fernando Abreu and Hilda Hilst. Among the results obtained are: the configurations of the theme run through from the notions of sin, tareness and deviation, in negative perspectives; to the notions of homoerotic affection and desire, in affirmative perspectives. However, there is no temporal linearity between them. Another result obtained is that the theme is established in poetry from textual elaborations, both explicit and implicit. In the second essay, poems from A hora e vez de Candy Darling (2016), by Horácio Costa, are analyzed, and the conclusion that they effect a thematic expansion of male homoeroticism, incorporating from homoaffectiveness and homophobia, to the plural LGBT+ existences. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

L’histoire littéraire s’est peu intéressée aux enjeux de l’homoérotisme dans l’émergence de réseaux féministes et lesbiens en littérature dans les années 30, notamment au niveau international. Dans cet article, nous envisagerons cette question à partir d’une relecture queer et intersectionnelle de la relation entre l’écrivaine et éditrice argentine Victoria Ocampo et l’autrice britannique Virginia Woolf. L’objectif de ce travail est de contribuer à la relecture du canon lesbien, in/visibilisé dans son « placard de verre » depuis l’articulation entre l’homosocialité féminine et la construction d’un positionnement sexo-dissident. Nous faisons l’hypothèse que l’homoérotisme dans les relations entre autrices – qui a souvent été relégué au rang d’anecdote insignifiante sur le plan politico-culturel – a, à la manière de « l’effet papillon », participé des bouleversements structurels dans le champ littéraire de cette époque. La historia literaria ha mostrado poco interés por las implicaciones del homoerotismo en el surgimiento de redes feministas y lésbicas en la literatura de la década de 1930, particularmente a nivel internacional. En este artículo consideraremos esta cuestión desde una relectura queer e interseccional de la relación entre la escritora y editora argentina Victoria Ocampo y la autora británica Virginia Woolf. El objetivo de este trabajo es contribuir a la relectura del canon lésbico, in/visibilizado en su “armario de vidrio” desde la articulación entre la homosocialidad femenina y la construcción de un posicionamiento sexo-disidente. Partimos de la hipótesis de que el homoerotismo en las relaciones entre autoras – que muchas veces ha sido relegado al rango de anécdota insignificante en el plano político-cultural – ha participado, a la manera del “efecto mariposa”, en las transformaciones estructurales del campo literario de aquella época. Literary history has shown little interest in the issues of homoeroticism in the emergence of feminist and lesbian networks in literature in the 1930s, particularly at the international level. In this article, we will consider this question from a queer and intersectional rereading of the relationship between the Argentinian writer and editor Victoria Ocampo and the British author Virginia Woolf. The objective of this work is to contribute to the rereading of the lesbian canon, in/visibilized in its “glass closet” since the articulation between female homosociality and the construction of a sexo-dissident positioning. We hypothesize that homoeroticism in the relationships between women authors –which has often been relegated to the rank of an insignificant anecdote on the political-cultural level– has, like the “butterfly effect”, participated in the structural transformation of the literary field of that time.

From a biographematical perspective, as Roland Barthes’ proposition (1990), this paper proposes a homoerotic reading of the biographical journalistic narrative “Manuel nunca dijo adiós” (“Manuel never said goodbye”), written by Tomás Eloy Martínez, and of the script La tajada (The slice), written by Manuel Puig, seeking to detect vestiges and small details of homoerotically inclined identities and subjectivities. Thus, in scenes of flirting, childhood flashes and memories of great icons, the revealed biographemes constitute a space for discussing representations of sexual dissidence and the plurality of agency, ways of reading, being, living and understanding the world. Pela perspectiva biografemática, conforme proposição de Roland Barthes (1990), propomos uma leitura homoerótica da narrativa jornalística de cunho biográfico “Manuel nunca dijo adiós”, de Tomás Eloy Martínez, e do roteiro cinematográfico La tajada, de Manuel Puig, a fim de flagrar vestígios e pormenores de identidades e subjetividades homoeroticamente inclinadas. Dessa forma, os biografemas revelados, em cenas de flertes, paqueras, flashs da infância e memórias de grandes ícones, constituem-se enquanto espaço de discussão das representações da dissidência sexual e da multiplicidade de agenciamentos, modos de ler, ser, viver e interpretar o mundo.

The human sexuality was subordinated, until the end of the 18th century, to three spheres of control: medical, religious and moral discourses (FOUCAULT, 2015). Understanding that homosexuality is within this nucleus of submission, even before having a word to identify it, we can say that it was seen as a disease, sin and crime, respectively. The individual who did not obey this system would have to deal with some type of discrimination or even the most severe punishments. Despite numerous advances, today, homosexuals are faced with a cruel duality and each one seeks to fit their own homosexuality within this antagonism: (1) the disobedience to the culture, rebelling against it to live its homosexuality in fullness and, thus, take risks of the most diverse or the opposite; (2) the refusal of its own sexual orientation, denying it even to itself, in order to avoid suffer retaliation and humiliation; there are other possibilities between these two poles, always putting the individual in a place of struggle (against itself, a priori, against the others, a posteriori). Within this context of choices, inconsistencies and conflicts as painful as they are pleasurable, we insert our object of study: the novel En finir avec Eddy Bellegueule (2014), by French writer Édouard Louis, in which these pains and pleasures are (re)produced in childhood and in the adolescence of Eddy, narrator-character. His inaugural sexual experiences, at the age of 10, were lived in a marginalized way in a woodshed in the community of Hallencourt (northern France). At the same time, homophobia victimized him: he suffered psychological and physical violence from his family, colleagues at his school and the residents of the village where he lived. The choice of this corpus is justified by the fact that we have a low number of French works translated in Brazil (TORRES, 2007) compared to the voluminous literary production in French. Studying a French-speaking author in such a context is an attempt to keep the Brazilian public’s interest in French literature and language alive, understanding that access to foreign cultures enriches the national culture. In addition, the study of this work seeks to favor discussions on contemporary French narratives with homoerotic themes in Brazil. Therefore, we proceed to a genealogy of homosexualities. Rescuing the past is necessary to understand the epistemologies of the present, so we walk through time with texts of various scholars on the subject like Dover (1994), Naphy (2006), Mott (2001, 2003), Ceccarelli (2008), Quinet (2013) and Trevisan (2018). In addition, we find in psychoanalysis the appropriate tools to analyze Eddy’s early homoerotic experiences, for that, we turn to selected Sigmund Freud’s works (1905, 1912, 1919, 1930). In opposition to the pleasures of homosexuality, we seek to understand the mechanisms of homophobia (BORRILLO, 2010). Thus, the objective of this study is to identify the configurations of pain and enjoyment of understanding and living homosexuality in a context of social degradation from Eddy’s discourse(s), in order to elucidate how he subjectively conceives his sexual orientation and the consequences of that in this context. The signs of homoeroticism and homophobia are (re)interpreted as traces of a poetics of desire and violence, respectively. We conclude that the pain of belonging to a sexual orientation that differs from what most of the society expects leaves in Eddy Bellegueule irreversible sequels that even lead him to change his name in order to try to leave the past behind. RÉSUMÉ. La sexualité humaine était subordonnée, jusqu’à la fin du XVIIIe siècle, à trois dimensions de contrôle de la société : les discours médicaux, les discours religieux et les discours moraux (FOUCAULT, 2015). Nous comprenons que l’homosexualité se situe dans ce noyau de soumission, avant même d’avoir un mot pour l’identifier. Nous pouvons affirmer qu’elle était perçue comme une maladie, un péché et un crime, respectivement. L’individu qui ne s’intégrerait pas dans ce système serait soumis à une série de représailles, telles que la discrimination et des punitions très sévères. Malgré les avancées sociales, actuellement, les homosexuels sont aujourd’hui confrontés à une cruelle dualité et chacun cherche à inscrire sa propre homosexualité dans cet antagonisme : (1) désobéir la culture, en se rebellant contre elle pour vivre pleinement son homosexualité et, ainsi, prendre des risques divers ou l’inverse ; (2) refuser sa propre orientation sexuelle, en la niant à soi-même, pour éviter de subir d’humiliations ou représailles; d’autres possibilités se trouvent entre ces deux pôles, ce qui met l’individu dans une situation de lutte (d’abord, contre lui-même et, ensuite, contre l’autre). Dans cet univers de choix, d’incohérences et de conflits aussi douloureux qu’agréables, nous insérons notre objet d’étude : le roman En finir avec Eddy Bellegueule (2014), d’Édouard Louis, dans lequel ces peines et ces plaisirs se (re)produisent pendant l’enfance et aussi l’adolescence d’Eddy, narrateur héros. Ses premières expériences sexuelles, à l’âge de 10 ans, ont été vécues de manière marginalisée dans un hangar de la commune de Hallencourt. Parallèlement, l’homophobie le victimise : il subit des violences psychologiques et physiques de la part de sa famille, des collègues de son école et des habitants du village où il habitait. Le choix de ce corpus est justifié par le fait que nous avons un faible nombre d’ouvrages français traduits au Brésil (TORRES, 2007) par rapport à la volumineuse production littéraire en français. Étudier un auteur francophone dans un tel contexte signifie une tentative de maintenir vivant l’intérêt du public brésilien pour la littérature et la langue françaises, si nous comprenons que l’accès aux cultures étrangères enrichit la culture nationale. En outre, notre étude vise à élargir les discussions sur les récits français contemporains à thèmes homoérotiques au Brésil. Nous procédons donc à une généalogie des homosexualités. Revenir sur le passé est nécessaire pour comprendre les épistémologies du présent, c’est pourquoi nous parcourons le temps à travers les textes de divers chercheurs sur le sujet, tels que Dover (1994), Naphy (2006), Mott (2001, 2003), Ceccarelli (2008), Quinet (2013) et Trevisan (2018). De plus, nous trouvons, dans la psychanalyse, les outils appropriés pour analyser les premières expériences homoérotiques d’Eddy, pour cela, nous élaborons un dialogue basé sur la pensée de Sigmund Freud (1905, 1912, 1919, 1930). En opposition aux plaisirs de l’homosexualité, nous cherchons à comprendre les mécanismes de l’homophobie (BORRILLO, 2010). Ainsi, l’objectif de cette étude est d’identifier les configurations de la douleur et de la jouissance de comprendre et de vivre son homosexualité dans un contexte de dégradation sociale à partir des discours d’Eddy, afin d’élucider comment il conçoit subjectivement son orientation sexuelle et les conséquences de ses découvertes dans ce contexte. Les signes de l’homoérotisme et de l’homophobie sont (ré)interprétés respectivement comme les traces d’une poétique du désir et de la violence. Nous en concluons que la douleur d’appartenir à une orientation sexuelle différente de ce qu’attend la majorité de l’ensemble social laisse chez Eddy Bellegueule des séquelles irréversibles qui l’amènent même à changer son nom pour essayer de s’éloigner de son passé. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES A sexualidade esteve subordinada, até o final do século XVIII, a três esferas de controle da sociedade: os discursos médicos, religiosos e morais (FOUCAULT, 2015). Entendendo que a homossexualidade está dentro desse núcleo de submissão, mesmo antes de ter uma palavra que a identificasse, podemos afirmar que ela foi vista como doença, pecado e crime, respectivamente. O indivíduo que não obedecesse a esse todo sistêmico teria de lidar com algum tipo de discriminação ou mesmo punições das mais severas. Malgrado inúmeros avanços, na atualidade, os homossexuais se veem diante de uma dualidade cruel e cada um busca encaixar a própria homossexualidade dentro desse antagonismo: (1) a desobediência à cultura, rebelando-se contra ela para viver a homossexualidade de forma plena e, assim, correr riscos dos mais diversos ou o inverso; (2) a recusa à própria orientação sexual, negando-a até para si mesmo, a fim de não sofrer retaliações e humilhações; outras possibilidades se encontram entre esses dois polos, sempre colocando o indivíduo em um lugar de luta (contra si, a priori, contra o outro, a posteriori). Dentro deste contexto de escolhas, incoerências e conflitos tão dolorosos quanto prazerosos, inserimos nosso objeto de estudo: o romance En finir avec Eddy Bellegueule (2014), do escritor francês Édouard Louis, no qual essas dores e prazeres se (re)produzem na infância e na adolescência de Eddy, narrador-personagem. Suas experiências sexuais inaugurais, aos 10 anos, foram vividas de maneira marginalizada em um depósito de lenha na comunidade de Hallencourt (norte da França). Ao mesmo tempo, a homofobia o vitimizava: ele sofria violência psicológica e física por parte de sua família, dos colegas de sua escola e dos moradores do vilarejo no qual residia. A escolha desse corpus se justifica por termos um número fraco de obras francesas traduzidas no Brasil (TORRES, 2007) se comparado à volumosa produção literária em francês. Estudar um autor de língua francesa em um contexto como esse é uma tentativa de manter vivo o interesse por parte do público brasileiro em literatura e língua francesas, entendendo que o acesso a culturas estrangeiras enriquece a cultura nacional. Além disso, o estudo desta obra busca favorecer as discussões sobre as narrativas contemporâneas francesas de temática homoerótica no Brasil. Por isso, procedemos a uma genealogia das homossexualidades. Resgatar o passado é necessário para entendermos as epistemologias do presente, logo, passeamos pelo tempo através dos textos de variados estudiosos do assunto como Dover (1994), Naphy (2006), Mott (2001, 2003), Ceccarelli (2008), Quinet (2013) e Trevisan (2018). Além disso, encontramos, na psicanálise, as ferramentas adequadas para analisarmos as experiências homoeróticas precoces de Eddy, para tal, elaboramos uma interlocução com o pensamento de Sigmund Freud (1905, 1912, 1919, 1930). Em oposição aos prazeres da homossexualidade, buscamos entender os mecanismos da homofobia (BORRILLO, 2010). Assim, o objetivo deste estudo é identificar as configurações da dor e do gozo de entender e viver a própria homossexualidade em um contexto de degradação social a partir do(s) discurso(s) de Eddy, a fim de elucidar como ele concebe subjetivamente sua orientação sexual e as consequências disso nesse contexto. Os signos do homoerotismo e da homofobia são (re)interpretados como traços de uma poética do desejo e da violência, respectivamente. Concluímos que a dor de pertencer a uma orientação sexual destoante do que espera a maioria do todo social deixa em Eddy Bellegueule sequelas irreversíveis que o levam, inclusive, a mudar de nome para poder tentar deixar o passado para trás.

A presente tese investiga as configurações do homoerotismo e da homofobia em quatro narrativas juvenis contemporâneas, quais sejam: Eu é um outro (2014), de Hermes Bernardi Júnior; O namorado do papai ronca (2012), de Plínio Camillo; One man guy (2015), de Michael Barakiva; e Garoto encontra garoto (2015), de David Levithan. O objetivo é analisar as múltiplas configurações homoeróticas das personagens, em distintos espaços de sociabilidade, dentre eles, o espaço da escola, marcadamente, opressor e homofóbico, além de propor uma discussão acerca do “armário”, como um dispositivo que regula, muitas vezes, a vida dos homossexuais. Partimos da hipótese de que a homofobia, nos romances, surge a partir da construção social que estabelece a supremacia da heterossexualidade nas relações afetivas. Nesse sentido, os personagens dos romances estão inseridos em situações de homofobia e violência, assentadas em estruturas sociais, que regulamentam a heteronormatividade como natural, gerando, assim, desigualdade, violência e discriminação entre os indivíduos que representam a diversidade sexual. A escola, a família, e outros espaços de sociabilidade, partem, também, dessa ideologia da hegemonia heterossexista, que oprime as minorias sexuais e aplica sanções descabidas, em prol de uma subjetividade em relação à sexualidade. O estudo é de cunho bibliográfico, com metodologia exploratória, o que permite estabelecer um contato com as teorias sobre gênero, sexualidade, estudos culturais e os estudos queer. Como referencial teórico-crítico, a partir de uma perspectiva pós estruturalista, referente aos estudos de gênero e sexualidade, propomos, inicialmente, Even Kosofsky Sedgwick (1985, 2007), Michel Foucault (1981,1988, 2015), Daniel Borrillo (2010), Judith Butler (2015, 2018a, 2018b), Guacira Lopes Louro (1995, 1997, 2009, 2015, 2018), Tomaz Tadeu da Silva (2012), Kathryn Woodward (2012), Didier Eribon (2008), Erving Goffman (2008), Georges Bataille (2013), Jurandir Freire Costa (1992), dentre outros. Esperamos que esta discussão possa contribuir para uma reflexão sobre a importância de acolher as minorias sexuais e estabelecer a igualdade sem distinção de gênero. This thesis investigates the configurations of homoeroticism and homophobia in four contemporary youth narratives, namely Hermes Bernardi Júnior’s Eu é um outro (2014); Plínio Camillo’s O namorado do papai ronca (2012); Michael Barakiva’s One man guy (2015); and David Levithan’s Boy meets boy (2015). The aim is to analyze the characters’ multiple homoerotic configurations in different spaces of socialization, among which the markedly oppressive and homophobic school environment, in addition to proposing a discussion on the “closet” as a device that very often regulates homosexuals’ lives. The thesis is founded upon the hypothesis that the homophobia present in the novels emerges from the social construction that establishes the heterosexuality supremacy in affective relationships. In that regard, the characters of the novels find themselves subjected to homophobic and violent situations built upon social structures that regulate the heteronormativity, purporting it as natural, thereby generating inequality, violence, and discrimination among the individuals that represent sexual diversity. School, family, and other spaces of socialization are also based upon this ideology of the heterosexist hegemony which oppresses the sexual minorities and perpetrate unjustifiable sanctions on behalf of a subjectivity in relation to sexuality. This is a bibliographical study with an exploratory methodology, which permits the contact with theories on gender, sexuality, cultural studies and queer studies. From a post-structuralist perspective related to gender and sexuality studies, we propose, to begin with, theoretical and critical references such as Even Kosofsky Sedgwick (1985,2007), Michel Foucault (1981, 1988, 2015), Daniel Borrillo (2010), Judith Butler (2015, 2018a, 2018b), Guacira Lopes Louro (1995, 1997, 2009, 2015, 2018), Tomaz Tadeu da Silva (2012), Kathryn Woodward (2012), Didier Eribon (2008), Erving Goffman (2008), Georges Bataille (2013), Jurandir Freire Costa (1992), among others. We hope that this discussion will contribute to a reflection about the importance of accepting and welcoming sexual minorities and establishing equality without gender distinction.