Paterniani, Stella Zagatto, 1988, Kofes, Maria Suely, 1949, Kofes, Maria Sueli, 1949, Borges, Antonádia Monteiro, Rodrigues, Carolina Cantarino, Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, and UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Orientador: Maria Suely Kofes Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Resumo: Em 2007, um imóvel ocioso no bairro da Luz, em São Paulo, foi ocupado: a comunidade Mauá. Quase cinco anos depois, os moradores receberam uma ordem de despejo. Sua reação foi lutar: para que as famílias sejam atendidas (isto é, inseridas em programas de política pública habitacional) e, ao mesmo tempo, para que o despejo não ocorra. Com o pedido de liminar de reintegração de posse, vêm à tona, de maneira mais intensa, processos de construção de uma coletividade que contempla a diferença e relações entre a ocupação, o poder público e o proprietário do prédio ocupado. Esta é uma etnografia de uma experiência, em dois níveis: o da experiência da ocupação e dos confrontos e embates a partir da liminar de reintegração de posse; e da minha experiência de encontro e confronto com essa experiência objetivada. Entendo que a ocupação Mauá não se esgota na sua arquitetura e, sim, contém potencialidades e outras coletividades. Por isso, inicialmente, faço uma breve discussão sobre o ocupar, antes de apresentar a Mauá e seus entornos e situá-la no centro da cidade de São Paulo. Dignidade e vida aparecem como categorias orientadoras do habitar (na ocupação), nas falas durante atos públicos na rua ou reuniões públicas com o governo e atores estatais. Porquanto a luta pelo direito à moradia ampara-se na ideia de viver dignamente, a ordem de despejo equipara-se a uma sentença de morte - da qual, contudo, é possível escapar pela luta. As intenções metodológicas da pesquisa foram: a) não entender o movimento social como bloco homogêneo, nem os atores e seus posicionamentos como previamente definidos (mas sim como relacionais e situacionais) e b) refutar a cisão entre "novos" e "velhos" movimentos sociais. Uma das hipóteses é que os múltiplos sentidos de coletividade são construídos, sobretudo, na conexão entre passado, presente e futuro, por meio de narrativas. Como resultado, proponho entender a política como composta por elementos de resistência, reivindicação e prefiguração Abstract: In 2007, an idle property at the neighborhood of Luz, in the city of São Paulo, was squatted: the Mauá squatting [ocupação Mauá]. Almost five years after the squatting, the inhabitants received an eviction order. Their reaction was to struggle: for the families to be attended (that is, to be contemplated in programs of public housing policy) and, at the same time, for the eviction not to happen. Together with the injunction of repossession, we can intensely observe processes of construction of a collectivity that contemplates the difference and relations between the squatting, the public power and the building owner. This is in ethnography of an experience, in two levels: first, the experience of the squatting and the confrontation and shocks from the moment of the injunction of repossession; second, of my experience of encounter and confrontation with this objectified experience. I understand that the Mauá squatting is not only its architecture, but it also contains potentialities and other collectivities. That is the reason I begin with a brief discussion about the squatting, before introducing Mauá and its surroundings and situate it in the center of São Paulo city. Dignity and life show up as guiding categories of dwelling (in the squatting), in speeches during public protests at the street or public reunions with government and state actors. Inasmuch as the struggle for the right to housing is supported by the idea of living with dignity, the eviction equates to a death sentence - from which, however, is possible to escape through the struggle [luta]. The methodological intentions of this research were: a) not to understand the social movement as a homogeneous block, neither its actors and positions as previously defined (instead, to understand them as relational and situational) and b) to refute the split between "new" and "old" social movements. One of the hypotheses is that multiple senses of collectivity are mainly built in the connection between past, present and future, through narratives. As an outcome, I propose to understand the politics as composed by resistance, claiming and prefiguration elements Mestrado Antropologia Social Mestra em Antropologia Social