A histoplasmose é uma micose sistêmica considerada um importante problema de saúde pública, especialmente em portadores do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), nos quais a doença está associada com mau prognóstico e alta mortalidade. Possui distribuição mundial, com maior prevalência em zonas tropicais e temperadas, e no Brasil tem sido relatada frequentemente nas regiões Sul e Sudeste. Objetivos: Realizar análise descritiva dos aspectos sociodemográficos, clínicos, laboratoriais e terapêuticos nos pacientes com histoplasmose e aids atendidos entre janeiro de 2000 a junho de 2012, no Hospital de Doenças Tropicais - Dr. Anuar Auad (HDT). Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, observacional, transversal e retrospectivo, com análise de dados secundários dos prontuários arquivados no Setor de Divisão de Estatística e Arquivo Médico (DEAM) do HDT. Foram incluídos na amostra todos os casos confirmados de histoplasmose disseminada (HD) por meio de exame laboratorial. Resultados: Neste estudo foi encontrada uma prevalência de 4,2%, o que corresponde a 279 casos de HD associada a aids. A maioria dos pacientes eram homens adultos jovens, solteiros e com baixa escolaridade, principalmente do interior de Goiás e residentes em áreas urbanas. As principais ocupações/profissões exercidas pelos pacientes foram atividades relacionadas à construção civil, atividades do lar e rurais. Em relação aos sinais e sintomas, os mais frequentes foram: febre (84,2%), tosse (63,4%), perda de peso (63,1%), dispneia (56,3%) e astenia (53,8%). O diagnóstico foi realizado através de hemocultura (59,5%) e exame direto de sangue periférico (24,8%). Candidíase oral, pneumocistose e criptococcose foram infecções oportunísticas encontradas associadas à histoplasmose nestes pacientes. Os achados laboratoriais prevalentes foram hemoglobina < 10 g/dL (61,2%), plaquetas > 100.000 células/mm3 (60,6%), creatinina < 1,5 mg/dL (75,9%), aspartato aminotransferase (AST) ≥ 45 UI/L (76,2%), desidrogenase lática (DHL) ≥ 480 UI/L (79,1%) e contagem de células CD4 inferior a 150 células/mm3 em 85,9% dos pacientes. Após o diagnóstico, 86,7% dos pacientes foram tratados com anfotericina B, dos quais 70,3% evoluíram para óbito com taxa de letalidade de 6,45%. Quando analisados fatores de risco associados ao óbito por HD nenhuma variável foi significativa. Conclusão: A histoplasmose apresentou alta prevalência e letalidade em pacientes com aids em Goiânia, mostrando a necessidade de adotar medidas para facilitar o diagnóstico precoce, tratamento adequado e, consequentemente, melhorar o prognóstico. Histoplasmosis is a systemic mycosis considered an important public health problem, especially in patients with the human immunodeficiency virus (HIV), in which the disease is associated with poor prognosis and high mortality. It has worldwide distribution with higher prevalence in tropical and temperate zones, and in Brazil has been reported more frequently in the South and Southeast. Objectives: Conduct a descriptive sociodemographic, clinical, laboratory and treatment analysis of patients with histoplasmosis and aids treated between January 2000 and June 2012, at the Hospital for Tropical Diseases - Dr. Anuar Auad (HDT). Methodology: It is a descriptive, observational, cross-sectional and retrospective study, with secondary data analysis of records filed in Sector Statistics Division and Medical File (DEAM) of HDT. All confirmed cases of disseminated histoplasmosis (HD) were sample through laboratory testing. Results: This study found a prevalence of 4.2%, which corresponds to 279 cases of AIDS associated HD. Most patients were young adult males, unmarried and with low education, and most from the interior of Goiás and urban area residents. The main occupations/professions exercised by patients were related to construction activities, home activities and rural. Regarding the signs and symptoms the most frequent were: fever (84.2%), cough (63.4%), weight loss (63.1%), dyspnea (56.3%) and asthenia (53.8 %). The diagnosis was made by blood culture (59.5%) and direct examination of peripheral blood (24.8%). Oral candidiasis, cryptococcosis and pneumocystosis were opportunistic infections associated with histoplasmosis found in these patients. Prevalent laboratory findings were hemoglobin < 10 g/dL (61.2%), platelets > 100,000 cells/mm3 (60.6%), creatinine < 1.5 mg/dL (75.9%), aspartate aminotransferase (AST) ≥ 45 UI/L (76.2%), lactate dehydrogenase (LDH) ≥ 480 UI/L (79.1%) and CD4 cell count below 150 cells/mm3 in 85.9% of patients. After diagnosis, 86.7% of patients were treated with amphotericin B, and 70.3% died and the fatality rate presented was 6.45%. When analyzed risk factors associated with death from HD no variable was significant. Conclusion: Histoplasmosis showed high prevalence and lethality in AIDS patients in Goiânia, showing the need to adopt actions to facilitate early diagnosis, proper treatment and thus improved prognosis. Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq